Uma Nova Chance (Autoliderança)

Depois de um sono agitado, senti vontade de dormir um pouco mais, mas logo desisti da ideia de ficar na cama. Me levantei pensando no trânsito e na montanha de coisas que tenho pra resolver no trabalho. Fiz a barba e tomei banho rapidinho, joguei uma roupa por cima do corpo enquanto pensava em tudo que precisava fazer durante o dia.
Resmunguei baixinho um “bom dia” sem muita convicção, e dei um “selinho” descomprometido nos lábios da minha esposa que se ofereciam para um beijo de despedida. Nem notei que os olhos dela ainda guardavam a doçura de uma mulher apaixonada, mesmo depois de tantos anos de casamento. Eu não entendia por que ela às vezes comentava sobre minha ausência, e vivia reivindicando mais tempo para ficarmos juntos. Afinal, eu estou conseguindo dar um bom padrão de vida para a família, não estou? Será que isso não basta?
Caramba! Esqueci de beijar meus filhos que ainda dormiam. Esqueci de orar, e pedir a benção e a proteção de Deus sobre suas vidas! Mas tudo bem… “Deus, por favor, guarda e abençoa minha família. Amém”. Enquanto dirigia minha filha casada me ligou. Sorri quando soube que meu netinho havia dado os primeiros passos. Fiquei sério quando minha filha lembrou-me de que há tempos eu não aparecia para ver meu netinho e, então, me convidou pra almoçar. Eu adoraria estar com minha filha e meu neto, mas tinha muita coisa pra fazer. Agradeci o convite, mas respondi que seria impossível. Quem sabe no próximo final de semana? Ela insistiu; disse que sentia muita saudade e que gostaria de estar comigo na hora do almoço. Mas eu fui irredutível: realmente, era impossível.
Cheguei à empresa e mal cumprimentei as pessoas. A agenda estava lotada, e eu precisava começar logo a atender meus compromissos. No que supostamente seria a hora do almoço, pedi um sanduíche e um refrigerante “diet”, afinal preciso cuidar da saúde. Comecei a comer enquanto revisava alguns papéis. Acabei me enrolando com alguns temas e sai atrasado para a reunião com um cliente. Nem esperei o elevador. Desci as escadas pulando de dois em dois degraus.
Entrei no carro, dei partida e, quando me preparava para sair, senti novamente aquele mal-estar. Mas agora veio acompanhado de uma forte dor no peito. O ar começou a faltar… a dor foi aumentando… o carro desapareceu… os outros carros também… Os pilares, as paredes, a porta, a claridade da rua, as luzes do teto, tudo foi sumindo diante dos meus olhos ao mesmo tempo em que surgiam cenas de um filme que eu conhecia muito bem. Quadro a quadro, nele eu via minha esposa, meus filhos, meu netinho, uma após outra, todas as pessoas que eu mais amava.
Por que é mesmo que eu não tinha ido almoçar com a filha e meu neto? O que minha esposa tentou dizer quando eu estava saindo hoje de manhã? Por que eu não fui jogar bola com meus filhos no final de semana? Por que eu não fui pescar com meus amigos no último feriado? A dor no peito persistia, mas agora outra dor começava a perturbar-me e eu não conseguia distinguir qual era a mais forte: se a dor da coronária entupida ou a dor da minha alma se rasgando de arrependimento.
Escutei o barulho de alguma coisa se quebrando dentro do meu peito, enquanto lágrimas silenciosas escorriam dos meus olhos. Queria continuar vivendo, queria mais uma chance, queria voltar para casa e beijar minha esposa, abraçar meus filhos, rever minha filha, brincar com meu neto, rever meus amigos… queria… queria… mas não deu tempo…

A verdade é que o mundo não para, e se eu diminuir o ritmo vou acabar sendo engolido ou atropelado pelos que estão vindo atrás de mim, portanto, o jeito é seguir em frente, seguir o fluxo, ainda que eu não consiga equilibrar as coisas, caso contrário, posso perder meu trabalho e colocar em risco o padrão de vida que eu tanto lutei para prover à minha família. Um dia eu talvez consiga colocar “ordem na casa”, mas enquanto isso não acontece, eu preciso ganhar dinheiro e manter o padrão de vida que consegui conquistar”. Eu náo sei sobre você, mas eu já pensei assim.
Muitas vezes vivemos como se fossemos imortais. Nos dedicamos tanto às nossas responsabilidades profissionais que, de tão envolvidos com trabalho e carreira, não percebemos que estamos deixando a vida nos escapar por entre os dedos; nos preocupamos tanto com o padrão de vida, que nem nos damos conta que vivemos uma vida sem padrão.
Pode ser que você já tenha plena consciência sobre o que significa viver e priorizar as coisas importantes. Se, porém, você ainda não está totalmente convencido disso, faça um pequeno teste: converse com as pessoas queridas, e lhes pergunte quais são as situações das quais eles mais se recordam na vida, quais foram os momentos mais marcantes de suas vidas em que você estava presente. Posso estar enganado, mas não creio que eles dirão algo sobre os presentes que você lhes deu: uma joia, uma bicicleta, uma boneca ou mesmo um carro. Creio que se lembrarão de momentos em que vocês estiveram juntos dando risadas, chorando talvez; falarão das brincadeiras em casa, e até das broncas que levaram, mas certamente contarão sobre momentos nos quais seres humanos, sentimentos e emoções foram os protagonistas.
Todos os dias, quando saímos da cama, Deus nos dá uma nova chance para fazermos valer a pena a nossa vida, e a vida de todos aqueles que estão ao nosso redor. Não a desperdice.

 

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Um grande abraço,

Marco Fabossi

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Marco Fabossi
Marco Fabossi é Sócio-Diretor da Crescimentum, a mais completa empresa de formação de líderes do Brasil.
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8 comentários sobre “Uma Nova Chance (Autoliderança)

  1. Me lembrei da música:”É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”,acho que se não nos acostumássemos a ter um amanhã todos os dias,seríamos capazes de prestar mais atenção no hoje,lembrando que o amanhã está sendo construído hoje.

  2. Essa é a pura realidade que as vezes não nos damos conta. Amei!
    Me fez refletir na minha vida. Valeu Marco mais uma vez.. você um gênio uma benção de Deus.

  3. O ritmo é nos mesmos que fizemos, muitas vezes nos sobrecarregamos de tarefas e depois reclamamos, mas o importante é estar sempre satisfeito e motivado, ai fica mais fácil agradar e contagiar os que estão ao nosso redor.

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